Material de Apoio ao Congresso – Dons Espirituais

Descobre o teu dom

Desafiamos-te a fazeres este questionário para compreenderes qual é o teu dom, ou os teus dons.

https://ciip.pt/formulario-dons-espirituais/

Preenche os resultados na folha distribuída ou no teu manual. Lembramos que este questionário é meramente indicativo e não é inspirado.
É importante perceber como as pessoas da tua igreja local onde te reúnes se te vêem ou se revêem nesse dom em ti e aconselha-te com o presbitério da tua igreja.
Use para glória de Deus e crescimento da Igreja.

Estudo Completo dos Dons Espirituais

Desafiamos-te a assistires nos tempos livres ou após congresso este estudo completo sobre Dons Espirituais:

https://igrejaaguassantas.net/estudo-biblico-sobre-dons-espirituais/

É uma coleção de 17 aulas que aprofundam e te desafiam a uma vida cristã mais plena e cheia de amor e poder.

Desperta o dom que há em ti, não enterres o teu dom e descobre a ação sobrenatural do Espírito Santo na tua vida para edificação da sua Igreja.

Que é o h(H)omem? – Paulo Figueiredo Carvalho

Rascunhos pensados sobre o homem, o Homem, a Gillette, Toxicidade e Reconciliação.   Génesis 1 e 2, Levítico 5, Números 12, Salmo 8, Mateus 1, Romanos 3, Gálatas 3, Efésios 1 e 2, Colossenses 1…   … relatos, orações, instruções, mandamentos, declarações e conselhos deixados ao homem, para que (de entre outras coisas importantes):   - não separe aquilo que Deus criou uno, para que a união não seja sectária;   - não compartimentalize o que Deus complementalizou, para que a diversidade não seja conseguida à custa de sub-sub(➿)classes;   - não destrua o que Deus criou. para que o homem imite a Criação na beleza e não a Queda na corrupção;   - não volte a separar aquilo que Deus tornou a unir.   A meio do Salmo 8, o Rei Israelita David pergunta-se “que é o homem, para que te lembres dele?”. O que é o Homem? O que somos nós? Somos criaturas belas e criadas com dignidade por sermos à imagem (o sentido é quase de ser figura, espelho ou até de uma réplica que aponta para o original) e semelhança de Deus; por isso somos capazes de tanto bem, tanto sacrifício valoroso, tanta iniciativa bondosa. Capacidade essa do bem que, no fim notamos, vem não de nossa invenção, mas do facto de alguém (who might be?) ter posto a Sua Imagem e semelhança em nós. MAS Somos criaturas caídas e desprezíveis por termos desfigurado essa imagem e escolhido a horribilidade ao invés da beleza encontrada no Criador (a isto chama-se Queda – o momento em que o pecado entrou na existência humana           ). Por isso, somos tão capazes de fazer o mal (e incapazes de fazer o bem último: o bem feito para a Glória de Deus), de agir com indiferença, de criar divisões, de discriminar aqueles que têm em si a imagem de Deus, de tratar o nosso interior com paninhos quentes e o interior dos outros com facas afiadas e envenenadas.   Como cristãos, somos criaturas desprezíveis reconciliadas pela graça, em restauração ‘in progress’... da imagem de Deus em nós.   Por isso, como cristãos, somos uns terríveis coitados se continuamos a separar aquilo que Deus voltou a unir. Nos últimos tempos esta curta metragem da Gillette tem rodado o mundo pelo seu caráter interventivo, gerando aplausos cegos do mundo liberal e desconforto comichoso do mundo conservador. Vejam: https://www.youtube.com/watch?v=koPmuEyP3a0   Qualquer que seja a reação que tenhas ao ter visto o vídeo, o facto é que – mesmo apesar das claras motivações de esquerda por detrás do dito – o ‘mau’ visto no homem é real e grave. Mais recentemente, surgiu uma resposta ao vídeo da Gillette. Visualizem: https://www.youtube.com/watch?v=x_HL0wiK4Zc Não podemos ver o vídeo original da Gillette sem ver este vídeo. Também não podemos fazer o oposto. Considera a toxicidade, mas não te esqueças do plano original. Considera o original, mas não te esqueças do veneno - que já agora foi o pecado que trouxe, não a sociedade patriarcal (ainda que a corrupção do pecado afete qualquer tipo de liderança). Os dois completam-se, ou anulam-se. Os dois nos mostram aquilo que o Homem (não só os homens) também foi criado para ser: um valente que sabe o que é ser responsável, dar a sua vida pelos outros (isso inclui sacrifício), amar verdadeiramente. Mas também o que o Homem não foi criado para ser. Também nos mostram o mal que fazemos aos outros e consequentemente a nós próprios quando repetimos a queda (e com certeza o fazemos).   Mas, além disso os dois nos mostram que sozinhos não conseguimos. Não fomos feitos sós. Não somos autónomos. Não fomos feitos para estarmos separados do que é ser imagem de Deus. E isso inclui viver em interdependência para com as nossas irmãs, mães, esposas, avós, filhas, amigas e vizinhas.   Mais do que tudo isto, nada faz sentido sem aquele que sempre manteve tudo unido, complementado; que sempre soube o que era o amor, a responsabilidade; Aquele que era o próprio Criador e a própria "imagem do Deus invisível, o primogénito sobre toda a criação" (Col 1.15), aquele que é a cabeça de um corpo uno (1.18), aquele onde habitava "toda a plenitude", aquele onde foi feita "a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele [reconciliando] consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão no céu" (1.20). Nós, "que antes [estávamos] longe, [viemos] para perto pelo sangue de Cristo, pois ele é a nossa paz. De ambos os povos fez um só e, derrubando a parede de separação, em seu corpo desfez a inimizade" (Ef 2.13-14 - o contexto é a aproximação na salvação do povo judeu do gentio, mas a eliminação de separação na raça humana pelo sacríficio de Cristo não se fica por aqui, antes pelo contrário). Deus manifestou "o mistério da sua vontade", aquele "de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão no céu como as que estão na terra" (Ef 1.9,10). Assim, "tendo chegado à fé (...) todos sois filhos de Deus (...) Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gal 3.25,26,28). Por isso, é em Cristo que se encontra a reconciliação do Homem com Deus e do homem com a mulher. Continuarmos a alargar fossas motivados pelo mesmo tipo de ativismo vitimizado encontrado na apologética compulsiva de libertação encontrada na nossa cultura (não quer dizer que não haja acusações legítimas) tira o foco do poder reconciliador do evangelho - na reconciliação feita por Cristo. Não nos afastemos da realidade miserável, ofensiva, corrupta do homem ao dilatarmos as diferenças das classes ofendidas; e não nos afastemos do poder reconciliador do evangelho ao focarmos no forçar esquizofrénico de uma igualdade plenamente pura e puramente plena - na restituição esquizofrénica de um status quo que quer o céu na terra, sem querer tirar a terra do céu (a imoralidade terrestre da perfeição celestial, portanto).   Lutemos pela igualdade e pela liberdade. Sim e sim. Mas não esqueçamos que a verdadeira e última igualdade foi Cristo que reconquistou. E Não esqueçamos que a verdadeira e última liberdade foi Cristo que reconquistou.

JENO – Encontro de Reis

No Próximo dia 12 de Janeiro de 2019 a Juventude Evangélica do Norte irá realizar o Encontro de Reis. Este encontro visa unir as diversas Igreja do Norte com o fim de terem um tempo de comunhão e partilha daquilo que foi a Festa de Natal de cada Igreja. O encontro realizar-se-à no dia 12 de Janeiro, pelas 16h, nas instalações da Igreja Evangélica em Belomonte-Campanha. O Orador convidado será o irmão Paulo Oliveira da Igreja Evangélica em Guimarães. Para mais informações contacta: [email protected] Tiago Pina Leite:916 277 024

Selvageria, que bênção! – Paulo Figueiredo

Convido-vos a uma leitura do capítulo 4 do livro (profético de Daniel). Estamos perante uma das narrativas proféticas, digamos, mais intensas que encontramos no Velho Testamento, ou não fosse a leitura até aqui (cap.4) cheia de veganismo na mesa de um Rei, sonhos mais elaborados que as visões psicadélicas do Dumbo e estátuas cuja construção tem mais elementos que as exposições da Joana Vasconcelos. Até aqui Daniel – um jovem de entre muitos de boa aparência, sábio, inteligente e apto ao serviço (Dn 1.3-4) dos trazidos do exílio de Judá na Babilónia – e seus amigos passam um tempo de dieta específica à base de água e legumes, crescendo em conhecimento, cultura e discernimento; Daniel interpreta (pela graça intercedida de Deus) um sonho que exigia explicação e os seus amigos são lançados numa mega fornalha de fogo, de onde saem sem um cabelo fumado sequer - tendo antes passeado no interior juntamente com um “que é semelhante a um filho dos deuses” (3.25b ARA). Antes “quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?”; agora “todo […] que disser blasfémia contra o Deus [deles] seja despedaçado”. Num abrir e fechar de fornalha aquele que desafiava agora reverencia o nome do “Altíssimo” (4.2). Assim chegamos ao capítulo 4. E vamos lê-lo. Já leram? Pois bem. Escrevo isto apenas para que fiquemos por aqui (perdi o jogo). Eu não sei se já repararam o que se está a passar, antes de mais. Comecemos pela carta enviada aos responsáveis do povo e a todo o povo durante esta época do exílio de Judá: “Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a maridos […] multiplicai-vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz” (Jer 29.5-7 ARA). Isto é o que está a acontecer: é para crescer e florescer no meio do sofrimento e desterro. Orem pela cidade para que tenham paz. No meio disso a cidade terá paz. Primeiro choque, done. Em vez de ficarem quietos, Deus manda procurar a paz da cidade e orar por ela. Sim, o império que Deus designou para castigar e ferir Judá. Sim, Deus não só usa esta gente para castigar o seu povo como, a caminho de abençoar o povo, abençoa a cidade que os amaldiçoa. Segundo, não só Nabucodonosor chega a ter uma crónica na primeira pessoa no Livro da Vida (aka Palavra de Deus) como a vida selvagem lhe passa na frente dos olhos. O REI PAGÃO DA BABILÓNIA ESTÁ A RECEBER SONHOS, INCURSÕES E INVESTIMENTOS DO REI ALTÍSSIMO. O Rei usado para castigar o povo está a ser um investimento do próprio Deus. Aquele que “dá [o governo] a quem quer” (Dn 4.25) não só recebe sonhos misteriosos como os entende e experimenta. Ao compreender isto, talvez possamos até nos compadecer do Rei e chegar ao vs.27 esperando que nada lhe aconteça. No capítulo anterior ele temeu a Deus, no início deste capítulo ele profere uma pequena doxologia (“Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração” (4.3)). Talvez Deus abrande e se contenha. Talvez não. E não.   “Não é esta a grande Babilónia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para a glória da minha majestade?”. Pronto, já foste. No momento em que pensou que valia muito, a nossa esperança de que passasse em branco não lhe valeu de nada. Nabucodonosor chegou ao fundo, e nós chegamos ao fundo da questão. Tudo isto foi para que “aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer”. O orgulho afundou-o na selvageria em que já se encontrava. Nabucodonosor viveu-as, e o tempo passou-lhe à frente. Viveu como um animal, pensou como um animal, comeu como um animal, passou frio como qualquer animal e teve todo o seu corpo alterado na semelhança de vários animais. Espero que tenham lido. É que isto é mesmo horrivelmente belo e estrondoso.   Para mim isto deixou de ser cómico há muito tempo. É poético mas horrível. Humano no orgulho, animal na consequência. Agora paramos.   O tempo passou e Nabucodonosor percebeu.   Vamos deixar que seja ele a dirigir-nos: ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre,                                cujo domínio é sempiterno,                                                e cujo reino é de geração em geração.                                todos os moradores da terra são por ele reputados em nada;                                                e, segundo a sua vontade, ele opera com                                                                o exército do céu                                                                e os moradores da terra;                                não há quem lhe possa deter a mão,                                                nem lhe dizer: Que fazes? (4.34-35 ARA)[1]   Até aqui podíamos achar: “Bem, foi apenas para aquele fim, Nabucodonosor é apenas um meio para a história do povo de Deus.” No entanto, creio que devemos chegar à conclusão de que a revelação que ele obteve até chegar ao fim do capítulo 4 foi tão grande e tão necessária a nós que Nabucodonosor é não só instrumental para o povo como também foi abençoado com a selvageria por que passou.   Somos adeptos das discussões e dos debates que produzem frutos e anseiam por bons esclarecimento. E isso é muito bom. Mas se ficar por aí que Deus nos mande para a selvageria. Se Deus não for o objeto da nossa adoração (não a discussão, não a ortodoxia perfeita, não a sensibilidade, não a não-ofensa), estamos mal; estamos na lama. Pois bem, paremos um pouco. Poisemos as canetas, independentemente de como esteja a formulação. Paremos a discussão. Abrandemos. . . . . .  . .  . .  .   .   .   .   .    .      .       .        .          .          .           .            .  Lê outra vez  o que ele diz.                         .   “Aquele que se senta nos céus e ri e faz tudo o que lhe apraz Que governa os governos, e estabelece reis, O Príncipe da Paz que procede sobre profetas, presidentes e sacerdotes A fonte última de autoridade que rege com misericórdia e graça Mas o homem reduz este atributo a um debate insensato[2].   Independentemente da tua posição, opinião, situação familiar, social, escolar, precisas de reconhecer isto. Eu preciso de reconhecer isto:   É acerca de Deus. TUDO. Tudo é acerca de Deus. No fim de contas, Deus é tudo o que importa. Que o homem seja nada para que Deus seja tudo. É isto que falhamos em perceber e lembrar diariamente. Tudo é acerca de Deus.   Tornemos a confissão de Nabucodonosor a nossa oração. Sejas tu Deus o primeiro e eu o último. Sejas tu honrado e eu seja nada. Tua é a Glória. É a ti que quero. Dá-me a selvageria se for preciso, porque ela me será por benção. Se eu te puder ver. Se eu puder abrir os meus olhos à bela, suprema, ofuscante e aterradora Glória.   “Agora, pois, eu, [leitor], louvo, exalto e glorifico ao Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba” (4.37). Assim seja, SENHOR. És a nossa única esperança. Humilha-nos debaixo da tua mão que ninguém pode deter. Faz aquilo que ninguém pode questionar. Dá o entendimento que sem ti ninguém pode ter. Leva-me à presença dAquele que se faz presente. O Supremo. Cristo. Até que eu te veja face a face, vai mostrando mais deste mistério, deste sonho: de “fazer convergir em ti, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef 1.10).   [1] Disposição das orações inspirada na ESV Reader’s Version. Vale a pena ler a tradução conseguida pela English Standart Version (ESV). [2] Tradução minha de excerto de música “Sovereign” de Beautiful Eulogy.

BAsiLEIA – Engolidos pela própria mensagem – Jónatas Duarte

O português, em geral, estará familiarizado com o nome “Basileia”. Trata-se de uma cidade inserida num dos mais ricos países do mundo – Suíça. Não se ficando pela fama monetária, nela nasceram ou passaram alguns dos nomes mais importantes dos últimos séculos, de uma influência multi-abrangente. Foi berço de um dos maiores e criativos tenistas de sempre – Roger Federer. Gerou igualmente os seus frutos no campo da teologia, com um dos mais notáveis do século passado – Karl Barth. Por lá passaram ainda o grande opositor de Lutero – Erasmo de Roterdão, e o filósofo mais controverso dos últimos séculos – não só pela espalhafatosidade do seu bigode – Nietzsche. Mesmo que seja uma surpresa ouvir sobre esta cidade helvética, se é amante de futebol, como eu, com certeza associará ao clube de recente má memória para os benfiquistas. Contudo, existe muito mais do que é aparente neste nome. Vai muito além do que uma cidade pode oferecer. Aliás, percorre o caminho inverso. Antes, muito antes, já este era um vocábulo de grande valor no discurso de João, o Batista (e Jesus - Mc 1:14,15; Mt 4:23). No grego corrente do 1º século, quem gritava Basileia, proclamava um reinado ou domínio real. Na boca deste distinto profeta estava a expectativa e anúncio do domínio real divino. A força e assertividade das ondas sonoras de si expelidas, funcionavam como veículo de antecipação do reino (Mt 3:2). Bem, percebo que caminho agora no fio da navalha. Alguns leitores mais atentos estarão na expectativa de entender a continuidade ou descontinuidade da mensagem do Reino. Mas essa não será a jornada. Pelo contrário, é puxar uma cadeira e sentar-se a apreciar João, o Batista. Como que confortavelmente acomodados numa exposição, olhamos com cuidado e atenção para este magnifico retrato da voz que clamou no deserto. Interpretamos e absorvemos a obra do artista. Ora, nela, como dissemos, esteve a antecipação da Basileia, a preparação do caminho do Senhor, o testemunho da luz. Mas só? Enquanto as aguerridas tintas expressam o grito “está próxima a Basileia”, destaca-se simultaneamente um dedo estendido apontando para o Cordeiro de Deus (Jo 1:29). O discurso manifestava direção, e a direção expunha também disposição. No último testemunho de João, o Batista, narrado no Evangelho segundo o Apóstolo João (não confundir), o já famoso profeta destaca, por fim, a inferioridade do seu papel comparado à personagem principal já em palco. Dispôs-se à humildade de um papel secundário (Jo 3:30). Fazendo uma perigosa associação com um outro profeta, a Basileia tinha se tornado um grande peixe – uma baleia, diriam alguns. O profeta foi engolido pela própria mensagem. Escolheu diminuir. O ego foi tragado. João sabia que de nada valeria carregar a mensagem se ela não ardesse primeiro nele, e o consumisse completamente. Agora, quem vê de fora, contempla apenas o Cordeiro de Deus. Aquele que tinha vindo tirar o pecado do mundo, tinha crescido. Era isso que convinha! Este é o desafio perene do Evangelho. Que a Basileia se torne Baleia. Que a mensagem engula o mensageiro. Não caminhamos para fazer o nosso nome grande, mas para fazer o nome dEle grande. Não nos pregamos a nós mesmos, mas pregamos a JESUS. Não diminuímos a JESUS para nos fazer crescer, mas o inverso. Isso implicará diminuir o nosso ego. Diminuir o nosso nome. Diminuir o nosso insaciável desejo de reconhecimento. Humildade, portanto. Enquanto o eu é atrofiado, a imagem de Cristo se desenvolve. Ter ambas as vertentes tonificadas é incompatível com a verdadeira e transformadora mensagem do Evangelho. Para João não havia diferenças entre ser, fazer ou dizer. Ao proclamar o Reino, vivia os valores do Reino. Ao antecipar o Rei, submetia-se ao seu reinado. Só assim faz sentido! Eia!

Um Dia de Cada Vez

“[Jesus] Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava”. (João 11:6) Ao encontrar-me com uma amiga que está com cancro, quando lhe pergunto como ela está, obtenho sempre a mesma resposta: “um dia de cada vez, estou a viver um dia de cada vez”. Apesar da sua aparência abatida, duas coisas não lhe faltam: o sorriso na cara e a confiança em Deus. Na nossa última conversa, ela proferiu a seguinte frase: “Às vezes nós desanimamos ou ficamos ansiosos. Mas onde nós vemos a escuridão, Deus vê a luz. Às vezes não sabemos o que Deus tem para nós, mas, quer vivamos ou morramos, somos do Senhor” [referência a Romanos 14:8]. Quantas vezes desanimamos ou ficamos ansiosos porque não sabemos a próxima etapa da nossa vida? Ou quantas vezes desanimamos ou ficamos ansiosos por não sabermos o desfecho de determinada fase na nossa vida? Desanimamos e ficamos ansiosos e esquecemo-nos da soberania, do poder e do grande amor de Deus que tantas vezes proclamamos com as nossas bocas, mas que não vivemos. Esquecemo-nos que o nosso grande Deus não está sob o tempo, mas sobre ele. Desejamos que Deus faça aquilo que nós queremos no tempo que nós queremos. Quando muitas vezes, os planos dEle para a nossa vida são muito melhores do que aquilo que nós alguma vez pensamos e são revelados no tempo que Ele quer. Podemos ver a soberania de Deus sobre o tempo, por exemplo, na história de Lázaro e suas irmãs, Maria e Marta, em João 11. Esta era uma família amada por Jesus (Jo 11:5). Mas Jesus, mesmo sabendo que Lázaro estava gravemente doente, em vez de ir apressadamente a Betânia (Jo 11:1), “ainda se demorou dois dias no lugar onde estava” (Jo 11:6). Para Marta e Maria, o melhor teria sido que Jesus tivesse ido imediatamente curar o seu irmão (Jo 11:21,32). No entanto, o plano que Deus tinha para a vida delas e do seu irmão era muito melhor e seria apenas revelado no tempo dEle. Assim, Jesus não curou apenas Lázaro, como as irmãs queriam. Antes ressuscitou-o, pois entretanto Lázaro tinha morrido, e assim Jesus não só aumentou a fé delas, como lhes devolveu o irmão, como também levou a que muitos dos judeus que ali estavam cressem nEle (Jo 11:38-45). Assim, Deus usou aquela família para que o Seu Reino fosse anunciado, porque tudo o aconteceu foi como Ele quis e no Seu tempo e não da maneira e no tempo que Marta e Maria (e os judeus, Jo 11:37) queriam. A nossa vida não é sobre nós, mas é sobre Cristo. Muitas vezes não sabemos o que Deus tem para as nossas vidas e Ele apenas nos revela o próximo passo no tempo dEle. Contudo, enquanto esperamos, devemos confiar nEle e deixar-nos ser usados por Ele para que o Seu Reino seja anunciado. Retomando a história da minha amiga que está doente, a nossa conversa terminou com ela a dizer-me o seguinte: “A minha dupla oração é que [através da minha vida e doença] Deus dê fé àqueles que não creem e dê mais firmeza àqueles que já creem”. Estás tu disposto a confiar em Deus, a não desanimar e a não ficar ansioso, mesmo que as coisas não aconteçam como tu queres, quando tu queres? Estás tu disposto a pedir a Deus que Ele “dê fé àqueles que não creem e dê mais firmeza àqueles que já creem” através das tuas dificuldades? Deus é Soberano, Todo-Poderoso e Ele ama-te. Não te esqueças disso, mas acima de tudo vive confiando que Deus é mesmo Soberano, Todo-Poderoso e que te ama.   Assinado: Uma Jovem da JENO

Considerações sobre o diálogo entre áreas de estudo e Fé – Paulo F. Carvalho

E viu Deus que era bom Um aspecto que devemos ter em conta e estar alerta, na abordagem que fazemos enquanto cristãos, e que é mais que notória na discussão evangélica (e num maior escopo do cristianismo) em assuntos de matéria interdisciplinar (diálogo da fé com certas áreas de estudo), tem a ver com o modo como intervimos. Passo a explicar. Ilustramos com o exemplo da educação parental. Apesar de não ser propriamente experiente nestes assuntos (antes pelo contrário, ainda só tenho a categoria de ‘filho’ no CV da vida), podemos separar de modo elementar e genérico a atividade de educação em ativa e reativa. Ativa é aquela que é constante, proativa, busca oportunidades e tem em conta todas as necessidades nas diversas áreas de necessidade e desenvolvimento da criança. A reativa é aquela que é pontual, limitada a um momento específico e que responde apenas a certas deficiências ou necessidades demonstradas por ocasiões de falhas, inatividade ou faltas no comportamento da criança. É a diferença entre ensinar uma criança a ser altruísta e empática no trato com os outros, olhando para o exemplo dos pais, exercitando essa sensibilidade no quotidiano ao lidar com o próximo em contextos multi-culturais, sociais e etários; e exercitar disciplina corretiva (pick yours) quando o filho não quer saber do colega que ficou sem almoço e teima em não partilhar aquilo que trouxe de casa, por exemplo. Entre ensinar o conselho de Deus ao filho de forma progressiva e reagir a uma falha com “Deus não gosta que faças assim”. É verdade que não podemos ser sempre preto no branco, nem levar a dicotomia a extremos. Há momentos para ser reativo e momentos para ser ativo, sendo que se quer os dois ao longo do tempo. Ainda assim, podemos prever com alguma confiança o défice que não existirá primeiro, numa educação ativa que não tem os seus momentos reativa e segundo (creio eu, ainda mais, tendo em conta o que vejo no nosso meio), numa educação que de ativa só tem nulidade e que depende apenas de um moralismo reativo. E é aqui que pegamos para avançar. Creio que já dá para ver onde isto vai parar quando vamos para o diálogo da fé com as áreas de estudo. O mundo evangélico está cheio de revistas, blogs e apologetas que não fazem mais que desenvolver uma apologia reativa. Tomemos o exemplo da minha área de estudo, as ciências naturais, mais precisamente as ciências biológicas: Para aqueles que enveredam no campo das ciências e são ‘conservative before it was cool’ (ou seja, não têm medo de manter uma postura ortodoxa quanto às suas crenças), o debate evolução vs criacionismo é uma constante pedra no sapato. É difícil ser um estudante pensante de ciências e frequentar os círculos científico e religioso (no sentido da palavra em latim, religare), neste caso evangélico. Isto porque nos dois lados nos é ensinada uma dicotomia entre fé e razão, ciência e religião. "Com isto digo que nós evangélicos somos mais pós-modernos do que pensamos. Nós, conservadores que gostamos particularmente de uma abordagem cultural ‘contra o mundo’, caímos na esparrela moderna de achar que a fé é independente da razão e vice-versa. Caímos na dicotomia que Francis Schaeffer tão bem descreve em A morte da razão, uma dicotomia construída ao longo dos séculos na Filosofia (e consequentemente no pensamento e vivência do homem ocidental) entre aquilo que é físico e o que é metafísico, entre o material e o espiritual, entre o natural e o sobrenatural, entre o campo da Graça e o campo da Natureza. A questão não é que estes campos não tenham as suas fronteiras e separações. A questão é que nadámos a favor da corrente moderna de pensar que as primeiras requerem a razão e as segundas a fé – ou, seguindo em frente, a ausência de racionalidade aka irracionalidade. Com o avanço da ciência moderna naturalista, que veio a achar que por conseguirmos prever uma existência mecânica de causas e leis naturais num universo fechado à necessidade da intervenção constante do Divino a mente secular foi ganhado plausibilidade. Se calhar, não precisamos de Deus para a física, para a meteorologia, para a ordem na natureza. Para que é que precisamos de Deus se tudo pode ser previsto mecânica e naturalmente? Chegando ao séc. XXI, passámos a relegar a pesquisa e o método para as primeiras (aquilo que é natural, visível e físico). Quanto às segundas (sobrenatural, invisível e espiritual), como o interesse não é muito e nem se crê que se possa chegar a uma resposta num campo onde a razão já não entra, então tudo fica relegado à mera subjetividade, ao exercício individual e ao relativismo (e daqui percebemos melhor as origens do ‘cada um tem a sua fé, aquilo em que acredita e ninguém tem nada a ver com isso’). Se o nosso amigo Kierkegaard se atirasse a um poço escuro no seu salto de fé nós também iríam….? Ups, acontece que também já saltámos. Transformámos a fé em algo fora da nossa realidade, para o qual tens de dar um salto no escuro e não um passo em frente no reconhecimento da realidade em que vivemos aqui e agora. Reconhecemos os segundos fora dos primeiros e não o físico, o material e o natural interligados e como uma manifestação visível de uma realidade transcendente (no sentido que ultrapassa os nossos sentidos e perceções limitados), invisível e não menos real. Retomando o fio da meada, o que é que isto tem a ver com a relação da fé com a ciência? É ao perceber isto que vou deixar de ter distúrbio de profissionalidade – seja este no meio científico como noutro qualquer – e me dou ao luxo de poder ser um cristão cientista e um cientista cristão. Quando percebo que preciso de integrar a realidade material que estudo na realidade total do cosmos, que também integra uma parte imaterial (coisa que o cientista materialista não irá aceitar). Relembramos a célebre frase, que “toda a verdade é verdade de Deus”. Quando estudo ciência, não estou (como muitos pensam) a entrar no campo do inimigo. Estou a descobrir mais sobre a realidade, sobre a revelação de Deus ao homem, através da natureza. Permito-me discordar e virar costas a uma abordagem cristã reativa que diz que “a Ciência diz”. A ciência não diz coisa nenhuma. Quem diz alguma coisa é a criação, que fala, ou melhor, berra acerca da existência, terribilidade e beleza de Deus. Assim, a ciência testemunha (melhor ou pior) desse facto e cabe-nos a nós não cavar mais a dicotomia razão-fé mas o demostrar vivamente do que significa viver neste mundo com os olhos do (e no) porvir, porque esse em certo modo já chegou - ou está chegando (PT-BR detetado). Cremos na graça-comum: que Deus estende a todo o ser humano a curiosidade, a fome de saber e a investigação pela verdade acerca da realidade natural criada. E isso é digno de celebração. Sendo assim, e aplicando ao contexto de estudo de ciências biológicas, posso fazer algumas perguntas: será que a evolução é património da ciência? Será que a ciência, como demonstração da graça-comum dada ao homem, não é também uma ferramenta dada por Deus? Será que o criacionismo pertence a Génesis? Génesis 1 a 3 é uma dissertação da teoria criacionista, um relato científico das origens, ou o autor divino tem outras intenções e preocupações em mente? A perniciosidade da teoria evolucionista como divulgada atualmente está no processo, na duração, no mecanismo ou no ponto de partida (aquele naturalista, que diz que o processo é cego, ao acaso e sem propósito)? Será que a abordagem do cientista cristão deve acontecer no embate de mecanismos ou no embate de pressupostos? Vamos continuar a disparar argumentos para a trincheira vizinha em vez de reconhecer que o problema está na mentalidade secular ocidental? Como vou falar a um amigo ateu acerca disto? Vou obriga-lo a aceitar o criacionismo antes de abraçar a fé? Ou a urgência está em ele reconhecer que o Deus Criador é Soberano sobre a sua criação, que tudo o que parece acontecer ao acaso na verdade permanece e é sustentado por Deus (Col 1.17; Hb 1.3), que a realidade contém o visível e o invisível (Col 1.16), o natural e o sobrenatural; que tudo foi criado por Deus (Gen 1.1) e que a Ele pertencem todas coisas (Rm 11.36)? Não há porque ir estudar a realidade amedrontado, com medo de conciliar realidades, porque realidade só há uma. Estou a descobrir mais acerca da revelação natural. Estou a conhecer mais acerca da criação de Deus, mesmo que a agenda naturalista me empurre a reconhecer o contrário. Cristãos e cristãozinhos, vamos em frente, porque a investigação faz-se investigando e no fim toda a verdade será sujeita a Ele. No fim, seremos livres do pressuposto (pecado) original, o desejo orgulhoso de uma realidade separada de Deus! Avante ó crentes investigadores da realidade!   Paulo Figueiredo Carvalho

Deus Todo-Poderoso limitado pela minha fé

“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito; E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.” (Mateus 21:21-22). Helen Roseveare (1925-2016) foi uma missionária inglesa que serviu a Deus no Congo como médica. Num dos seus relatos sobre a sua experiência, Helen disse o seguinte: “Uma mulher morreu ao dar à luz, deixando um recém-nascido prematuro e uma menina de dois anos.” No dia seguinte a esse acontecimento, visitou um orfanato e contou às crianças que era necessário uma botija de água quente para aquecer aquele bebé. Nesse momento, uma menina de dez anos chamada Ruth orou: “Deus, por favor… envie-nos uma bolsa de água quente. Não será bom amanhã, Deus, porque o bebé já estará morto, então, por favor, mande uma nessa tarde… E enquanto se encarrega disso, o Senhor, por favor, enviaria uma boneca para a menininha? Assim ela saberá que o Senhor realmente a ama.” Helen não acreditou que aquela oração fosse respondida. Mas, naquela tarde, recebeu uma encomenda do Reino Unido que não só continha uma “bolsa de borracha para água quente” como também… tinha uma boneca.[1] Ao ler esta história pensei que muitas vezes a nossa fé é mais pequena que um grão de mostarda e que às vezes o nosso bom Deus envia uma criança às nossas vidas para nos fazer confiar mais nEle. “Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito; E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.” (Mateus 21:21-22). Quantas vezes já oraste pensado que Deus não iria responder à tua oração? Quantas vezes não expuseste os teus pensamentos a Deus, porque achaste que Ele não os iria responder e, por isso, não era necessário gastar tempo com esses pedidos? Quantas vezes já duvidaste do poder do nosso Deus Todo-Poderoso que derrotou a morte e o pecado ao enviar o Seu Filho que morreu e ressuscitou em nosso lugar? Sê genuíno perante Deus e confia-Lhe todos os teus desejos e ansiedades, mesmo que aos teus próprios olhos pareçam impossíveis, e deixa que Ele evidencie mais da Sua glória a ti e aos que te rodeiam. [1] Piper, Noël. Mulheres Fiéis e Seu Deus Maravilhoso: Histórias de Cinco Mulheres de Fé. SP-São José dos Campos: Editora Fiel, 2005. Pp. 182-183. Texto de uma jovem da JENO.

Conhecer e Obedecer – David Vieira de Campos

A vida cristã inicia-se quando o homem natural é salvo em Jesus Cristo, e se torna detentor da vida eterna. Um equívoco para muitos cristãos é associar a vida eterna apenas à vida pós-morte física. Tal equívoco denota falta de conhecimento, pois o próprio Senhor Jesus nos revela "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." João 10:10. Esta vida proposta por Jesus Cristo começa ainda neste mundo, após a conversão, e durará eternamente. Ainda sobre a mesma Jesus nos revelou em que consiste "E a vida eterna é esta: que te conheçam a Ti, o Único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3. Ora, esta faceta da caminhada cristã é - tristemente - tantas vezes negligenciada. Infelizmente é frequente constatar que existem crentes que frequentam as congregações locais há décadas tendo no entanto muito pouco conhecimento de quem Deus é, e por conseguinte um fraco e superficial relacionamento com Ele. Também quanto a isso a Palavra de Deus nos indica que "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento..." Oséias 4:6. É portanto da maior importância que possamos conhecer Deus, antes de tudo o resto. Sem que conheçamos Deus, sem que tenhamos um relacionamento pessoal, íntimo e directo com Ele, é impossível agradar-Lhe.   Colocado este pilar fundamental, a saber; conhecer Deus, e decorrendo desse mesmo, impõe-se um outro de extrema importância: Obedecer-Lhe. De facto por falta de conhecimento ou então de entendimento constatamos tantas vezes uma compreensão equivocada daquilo que significa o Reino de Deus e fazer parte desse Reino. Ao contrário das monarquia terrestres modernas, este é um reino em que O Soberano tem forçosamente que exercer a Sua Soberania, em que cabem a Ele o trono e as decisões sobre nós mesmo e a nós simplesmente nos cabe obedecer. Faz não muito tempo ouvia um irmão de origem Africana, que é responsável de uma igreja na Europa mas ainda tem contacto regular e presencial com igrejas locais em África, fazer a seguinte observação: a Igreja na Europa, outrora origem de missionários usados por Deus para levar o Evangelho a todo o mundo, de um modo geral, está hoje demasiado acomodada e busca demais a sua própria estabilidade e conforto. Perdeu-se algures nas últimas décadas o sentido de obediência a Deus sem excitações e por conseguinte aos ensinamentos bíblicos. E este amado irmão dava exemplos e fazia o contraponto com a igreja em África, no Médio Oriente e na Ásia. De facto em quaisquer dessas latitudes é difícil a um Cristão verdadeiro buscar conforto material e/ou social, restando apenas a escolha clara e simples entre obedecer ou não aos ensinamentos bíblicos, tantas vezes, como sabemos, colocando em risco a sua própria vida. Desde logo obedecer ao chamado do Salvador "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mateus 11:28-29, passando pela grande comissão, não descorando o batismo nas águas "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” Marcos 16:15-16. Mas além destes também tantos outros mandamentos práticos, descritos pela Palavra de Deus, da observação dos quais Jesus declara "Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando." João 15:14.   A carta aos Efésios nos ensina que "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas." Efésios 2:9-10. Muito haveria para analisar e escrever sobre este texto, mas mesmo a sua mais simples e directa leitura nos permite perceber inequivocamente que somos salvos (não só mas também) para andar em boas obras, as quais Deus já preparou para que andássemos nelas. Tal ensino é corroborado e complementado na carta de Paulo aos Romanos quando diz "Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:1-2. Este sacrifício dos nossos corpos é, antes de mais, um sacrifício de obediência em detrimento de nós mesmos, das nossas vontades e/ou prazeres e conforto. "Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros." I Samuel 15:22.   Por essa razão creio ser pertinente esta análise e subsequente chamada de atenção. A ilustração que vem à minha mente ao pensar nestes dois conceitos é a de duas pernas com as quais caminhamos na vida cristã. Uma é o conhecimento, a outra é a obediência. Se tentarmos caminhar apenas com uma delas não iremos muito longe (se chegarmos mesmo a sair do ponto de partida). Se descorar-mos uma das duas, o nosso caminhar será debilitado, como em uma brincadeira de criança em que andamos "ao pé-coxinho". Esta ideia pode parecer risível, mas talvez seja mais presente do que muitas vezes imaginamos. Cabe a cada um de nós analisar-se a si mesmo à luz da Palavra de Deus e em espírito de oração perceber até que ponto está ou não a caminhar a vida cristã em bom equilíbrio, fazendo uso de ambas as pernas, na direcção certa.   David Vieira de Campos